quarta-feira, 10 de setembro de 2008

O regresso

Estou finalmente de regresso a casa! 

Depois de mais uma experiência internacional num país de loucos, mas que com muito esforço consegui manter a (pouca) sanidade mental que tinha, voltei finalmente a Portugal. É tempo de matar saudades da família e dos amigos e saber tudo o que se passou nos últimos 9 meses.

Em jeito de conclusão só tenho a dizer que adorei a experiência de ter vivido na India apesar de todos os problemas que foram surgindo. Em termos culturais foi de longe das melhores experiências que o INOV Contacto me poderia ter oferecido. 

Fico então à espera de convites para cafés, jantares, saídas, jogos de futebol e tudo o mais que se lembrarem (sim, porque há coisas que nunca mudam... e a preguicite, essa continua cá instalada!!!). 

Um grande abraço ao grupo do Contacto da India, em especial ao Kwame com quem partilhei aventuras, emoções, festas e uma casa desarrumada q.b.(!) durante nove mesmes!

Beijos e abraços e até breve a todos os que foram acompanhando mais ou menos as minhas aventuras indianas.

Ricardo "Abdul" Silva

P.S.1: Desde que cheguei tenho ouvido frases muito estranhas as quais ainda não me habituei. Penso que a principal foi mesmo "Ricardo, o jantar está na mesa". Há quanto tempo não ouvia essa frase! Penso que essa foi mesmo a grande falha do Kwame: não cozinhar!
P.S.2: É absolutamente inacreditavel o silêncio nas estradas de Lisboa... mesmo em hora de ponta. Não estava mesmo habituado! E que bonito que é ver os carros com os dois retrovisores, a respeitarem as faixas, não ver tuk-tuks nem vacas deitadas no meio da estrada!
P.S.3: E os bifes de vaca! Aaaaah que saudades!
P.S.4: Contas feitas, avanço com mais um número da india, que desta vez me diz respeito: arredondando para BAIXO apanhei no total destes 9 meses à volta de 500 tuk-tuks... de loucos! Leiam este post (A ciência de ir de tuk-tuk para o trabalho) e tentem perceber como é que eu não dei em maluco...

Encerro assim mais um capítulo inesquecível da minha vida e com ele também o blog. O futuro ainda é uma icógnita mas espero que nele esteja incluido um blog ;) 
Para bom entendedor...


Fila Indiana

A língua portuguesa tem imensas expressões que por vezes não fazem muito sentido. Acho que o melhor exemplo é a expressão "Fila Indiana". Mas porque é que se há-de chamar "Fila Indiana"? Uma fila indiana, quando dito em português, significa que as pessoas se colocam umas atrás das outras de uma forma ordenada, em vez de se colocarem lado-a-lado originando mais tarde discussões sobre quem está primeiro. Na India o que acontece é precisamente isso: tudo ao molhe e fé em Deus (ou deuses que aquilo é um festival de deuses que nunca mais acaba). Proponho então que a partir de agora se deixe de usar o termo indiano e se passe pura e simplesmente "Fila"!






Norte Indiano (21-27Ago)

Chegados a Deli no dia 21, vindos do Nepal, decidimos partir de avião para o norte da India no dia segiunte e ir descendo de comboio parando em várias cidades até regressar novamente a Déli. Era a última etapa de uma viagem absolutamente fascinante que me deu a conhecer o sudoeste asiático. 

As cidades escolhidas foram McCloud Ganja, terra do Dalai Lama; Shimla, uma pequena cidade nas montanhas onde os carros não circulam; e finalmente Chandigarh, uma cidade toda ela projectada por um qualquer arquitecto europeu famoso, que foi de longe a mais feia das três visitadas
 
Foi nesta avioneta que viajamos até ao norte. Houve quem se pelasse de medo e correm rumores que chegaram a correr lágrimas pelo rosto de alguém!

McCloud Ganja e a sua praça principal

Uma escola de monges budistas e, segundo consta, a residência oficial do Dalai Lama

Queda-de-água perto de Shimla. Mais uma paisagem bonita

Praça central de Shimla, a cidade onde praticamente não há carros

Marta rodeada de indianos numa festa popular em Shimla

Pequeno lago em Chandigarh

Em Chandigarh ou em Paris?

Nepal... um país simplesmente fabuloso (3-18Ago)

Seleccionar um pequeno número de fotos da viagem ao Nepal foi tarefa bastante complicada. 9 pessoas, 7 câmaras... dá um número muito elevado de fotos. 


15 dias, 5 cidades, muitas aventuras, viagens de autocarro (algumas no tejadilho), muitos encontros ocasionais, visitas a escolas primárias, um povo pobre e muito simples mas sempre simpático e sorridente, paisagens lindas... numa palavra: Inesquecivel!

Lumbini, a primeira "cidade" que visitamos (entre aspas porque tinha quase menos habitantes que o meu prédio!)

Uma das centenas de fotos (literalmente) de crianças nepalesas

Passeio de elefante em Chitwan (a segunda "cidade")

Tomar banho com os elefantes. Mais uma experiência inesquecivel

Depois de nos mandar a àgua o elefante compensava ajudando-nos a subir pela tromba

O grupo completo. Da frente para trás: Zé (C11 em Bangalore), Kwame (já dispensa apresentações), Indira (irmã do Kwame), Eu, Jaime (C11 em Bangalore), João (primo), Leonor (prima), Ana (minha irmã) e Marta (prima)

Uma casa tradicional numa pequena vila no Nepal

Pokhara, a terceira cidade (reparem que já não aparece entre-aspas). Lago lindissimo onde alugamos um barquinho a remos

Imagem tradicional do Nepal (e uma das minhas preferidas da viagem): mulheres a cultivar um campo de arroz

Grupo que participou no rafting. Para além do nosso bando juntaram-se três espanhóis e uma australiana

A subir para o tejadilho do autocarro. Quando este se encontrava lotado era esta a solução

Uma dessas viagens

Pequeno aglomerado de casas no topo de uma montanha

No topo de uma montanha, após mais um trekking e com o novo amigo espanhol que a nós se juntou por cinco dias

Vista sobre o vale no topo da montanha em que fizemos trekking


Imagens da mais simples e pacata vila onde estivemos: Bandipur. De uma beleza extraordinária e um local longe de ser descoberto pelas massas de turistas que inundam o Nepal anualmente



Imagens de um pequena cidade perto de Katmandu, Bhaktapur

Ainda em Bhaktapur: criança a dormir com os pombos a voar por trás

O mais surreal episódio da viagem aconteceu mesmo no fim. Saímos de Katmandu com destino a Darjeeling (Nordeste indiano). Uma viagem de deveria demorar 17horas de autocarro (13h) e de jipe (4h). Saímos às 4 da tarde de dia 18. Um autocarro com idade para a reforma há muito, estradas de montanha com curva contra curva, paragem de 30min por causa de um acidente, música nepalesa (que não é, como devem imaginar, propriamente a melhor), sucessivas paragens em "estações de serviço" (esta deveria ser colocada entre muitas aspas). Contudo, com isto pudemos nós bem, mas o pior estava para acontecer! Ao fim de 15horas dentro do autocarro (portanto já deviamos estar a andar de jipe), este encosta na berma da estrada onde se encontravam mais umas dezenas de autocarros. Começa um burburinho e nós portugueses completamente desorientados. O que se estaria a passar? Lá conseguimos que nos explicassem o sucedido. Os autocarros já não podiam mais passar daquele ponto porque a estrada estava completamente inundada! Tempo de espera: na melhor das hipóteses um ou dois dias, mas na pior... quinze dias!!! Olhando para todo aquele cenário e incertezas quanto ao tempo de espera só viamos um soluçao possível: regressar a Katmandu e apanhar um avião. Perguntamos se era essa a decisão que iria ser tomada quando para nosso espanto a resposta foi um Não. Não passava pela cabeça daquela gente fazer o percurso inverso. Começamos a ver a vida a andar para trás... O que fazer? Felizmente passou um autocarro no sentido inverso que ia para Katmandu. Foi a salvação! Conclusão: 30horas depois, 800km (sim, é ridiculo, mas em 30 horas limitamo-nos a andar 800km... imaginem o desespero!), e menos 20euros no bolso estavamos de volta ao ponto de partida! Pois bem, esta foto foi tirada momentos depois de percebermos a embrulhada em que estavamos metidos...

As tais "estações de serviço". Sombrias, pouco higiénicas onde se aproveitavam os ovos cozidos e a meia-duzia de artigos que não passava o prazo de validade

Os Himalais vistos do avião de regresso a Déli. Se ampliarem a foto percebem que aquilo lá ao fundo não são nuvens

Sri Lanka (26Jul - 1Ago)

Um país que só não nos agradou mais porque os locais são muito parecidos com os indianos!

Começamos por nos deslocar para norte. Este é um dos pontos obrigatórios para os turistas: Sigiryia. No topo é possível ver algumas ruínas que datam do séc. V. Impressionante se pensarmos como é que há 1500 anos atrás conseguiram chegar lá...

Dentro da rocha gigante ainda foi possível ver estas gravuras. Não era nada de especial mas gostei da foto

Como disse alguém, esta é uma das imagens de marca do C11 India

Brincadeiras com a máquina. Perdemos cerca de uma hora com estes saltos e esta ainda foi a melhorzita

Kandy uma pequena cidade no centro do Sri Lanka. Muito bonita mas, como em muitos sítios, sem grande vida

Kandy com o seu lago

Uma mercearia em Kandy. Tão tipica, tão tradicional, tão igual a tantas outras... e tão diferente das nossas

A caminho de Adam's Peak deparamo-nos com esta bela queda-de-água



Paisagens na aldeia mais próxima de Adam's Peak. De referir que havia na aldeia seis turistas, sendo nós logo quatro

O objectivo de ir ao Adam's Peak era fazer trekking e atingir o topo que tem uma das mais bonitas vistas do Sri Lanka. Vários problemas surgiram: 1) levantar as 4 da manha...; 2) Três horas para subir, mais duas para descer com uns ténis apertadíssimos; 3) Eu e o Zé termos chegado meia-hora depois do Kwame e do Jaime e termos que ouvir piadas durante praticamente um mês (e tenho a certeza que mais virão); 4) finalmente o último e o pior: o tempo estava nublado e não se via um palmo à frente do nariz assim que atingimos o topo! De qualquer das formas, lá em cima entramos nesta pequena casa onde dois homens habitam seis meses sem se deslocarem à cidade. Com eles ainda bebemos chá e comemos umas bolachas. Mais uma óptima experiência

Estoirado, com um pau a servir de bengala, com os tais ténis apertadíssimos, encharcado mas pelo menos com a alegria de quem já está a descer!

Enquanto nós nos queixavamos da subida cruzamo-nos com vários trabalhadores que carregavam sacos pesadíssimos para obras de renovação do percurso...

Ainda no mesmo dia do trekking desgastante ainda conseguimos acabar o dia na praia. Que bem que soube...

Já em Colombo, Kwame e as suas criancices...


Lago no centro de Colombo

Num bar em Colombo com a luz demasiado forte... Para piorar mudava de vermelho para azul e para verde num instante e dava completamente cabo dos olhos

No mesmo bar: "Sexual harassment in this area will NOT be reported". Basicamente, em português simples: Aqui podem atirar-se às meninas da forma que quiserem que ninguém vos vai chatear