segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

A ciência de ir de tuk-tuk para o trabalho

Todas as pessoas têm as suas rotinas nos dias de trabalho. Desde o acordar, tomar pequeno-almoço, ir para o trabalho, etc. etc. etc.

Já estou na Índia há quase três meses, e neste apartamento há sensivelmente dois. Aqui também eu tenho as minhas rotinas diárias (que infelizmente se estendem a seis dias por semana... nunca é de mais referir o sofrimento que é trabalhar aos sábados). Aquilo que aqui vou descrever é a parte do ir para o trabalho.

Como já perceberam pelo título, e por algumas referências que fiz anteriormente, o meio de transporte que utilizo diariamente é o tuk-tuk. É bem mais barato que o táxi, não vou aos magodes como no autocarro e é o mais fácil de encontrar por todo o lado. Mas isto de ir todo o santo dia de tuk-tuk para o trabalho é tudo menos giro, engraçado, fabuloso ou qualquer outro adjectivo do género que vos possa ocorrer. Foi muito giro nos dois primeiros dias, quanto muito uma semana, mas depois farta e não é pouco.

O ritual é sempre o mesmo: Sair de casa, andar uns metros, atravessar a rua porque os primeiros que costumo ver estão do outro lado (e que aventura que é atravessar uma rua em Déli) e depois começa então o diálogo. Primeiro digo sempre para onde vou. Aí metade deles decide que não quer trabalhar e acaba por não me levar. Lá tenho que andar mais uns metros à procura de outro. Encontro o segundo e digo novamente o meu destino. Quando aqui voltam a dizer que não insulto-os mentalmente (quando não o faço em alta voz na língua de Camões). Quando lá encontro um que me decide levar pergunto quanto custa. Ora, para quem me conhece bem sabe que a minha disposição matinal nunca foi a melhor. Por outro lado faço aquele caminho todos os dias e por isso sei qual é o preço certo: 40 ou 50 rupias. Assim sendo, fico invariavelmente irritado quando me pedem preços absurdos como 80 ou 90 rupias (para vos situar estou a falar de 1,5€...). Não foram poucas as vezes que fui visto em agitadas “discussões” com os condutores saindo em 90% delas por cima (o velho truque de dizer que é muito caro e virar as costas raramente falha). Os outros 10% é para aqueles dias em que nem me apetece estar sequer a discutir e acabo por lhes dar a mais.

O pior é que isto é só o início. Depois ainda há aquele doloroso caminho. São 7,5 km que duram em média 40 minutos. Os tuk-tuks são rijos e desconfortáveis. E ainda há o frio, mais o cabelo molhado que também não ajuda. Não esquecer aquele trânsito todo e ainda a poluição a que me sujeito. Os buracos na estrada que me vão lentamente desfazendo a coluna e me fazem ir entornando a lata de Ice Coffee que tento beber. Já para não falar naqueles condutores que de vez em quando decidem encostar o tuk-tuk para ir fazer as suas necessidades e me deixam ali no meio da rua. E depois a condução deles... zigue-zagues constantes, aceleradelas repentinas e travagens bruscas. E quando decidem desligar o veículo e depois ficam 10 minutos para que aquilo pegue novamente ...

Enfim, mas tudo isto eu ainda vou suportando. Agora, aquilo que me deixa com os cabelos em pé, me deixa mesmo furioso e com enorme raiva desta praga (leia-se condutores) é quando o tuk-tuk avaria. É que aí é preciso sair e dizer ao condutor que vou apanhar outro enquanto ele resmunga em hindi e insiste que demora pouco. E depois... depois todo este processo recomeça...

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Sei que estou há demasiado tempo na Índia quando...

... acho mais estranho ver um indiano a passear um pastor alemão com trela do que ver cinco vacas a atravessar a estrada!

Dia-a-dia em Déli

- O português é conhecido por fazer a festa em todo o lado. Obviamente eu e o Kwame não fugimos à regra. Aqui estamos nós a metermo-nos com uns seguranças de um centro comercial que já tinha fechado. Há indianos que acham piada às nossas brincadeiras... outros (a maioria) nem por isso.

- Descobrimos um bar onde à 5ªfeira é a noite dos expatriados. 12€ e pode-se beber o que se quiser... incluindo águas e sumos, mãe! Decoração curiosa na primeira foto! A segunda foto foi uma tentativa de casamento combinado. Tentamos organizar um casamento entre a Sarah e aquele senhor, que se apressou a dizer ser médico de profissão.




- Quem disse que as pessoas de nacionalidade indiana não são atiradiças? Recentemente, numa discoteca indiana fui convidado por uma dessas pessoas a passar uma calorosa noite de amor onde experimentaríamos todas as posições desse tão famoso manual do sexo indiano, o kamasutra. De referir que a pessoa que me convidou é aquela de casaco castanho atrás de mim... Acho que se percebe o porquê da minha cara.



- Afinal também há Erasmus em Nova Déli. Eis alguns que encontramos. É bom reviver os espírito erasmus!


- Mais duas fotos do trânsito. O lema em Déli é: se sair de casa leve a máquina fotográfica! É sempre possível tirar fotos no trânsito a algo novo e completamente inconcebível no mundo a que estamos habituados.



sábado, 16 de fevereiro de 2008

Mais números da Índia

Como diz o meu amigo Simão (Contacteante em Londres), continuo a preparar o meu futuro como trabalhador do IIE (Instituto Indiano de Estatística)

- 308 é o número de carros que são adicionados todos os dias ao já movimentado tráfico de Déli
- 600 é o número de motas que são adicionadas todos os dias ao trânsito de Déli
- 5.036.842 é o número de veículos que circulam em Déli diariamente

Dados retirados do Blog do Constantino, um dos 15 portugueses que mora em Déli.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Dúvida existencial

Porque é que, se neste país 70 a 80% dos casamentos são combinados, os indianos celebram o Dia dos Namorados como se não houvesse amanhã?

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Dia-a-dia em Deli

- Já referi aqui em vários posts como é o trânsito caótico de Déli. Já referi como é que os indianos conduzem e já dei ideia do estado físico dos carros (amolgadelas, riscos e espelhos retrovisores inexistentes). Pois bem, recentemente reparei em mais um pormenor no trânsito. Um dos veículos mais utilizados nesta cidade é a mota. Como aqui não se respeitam as faixas e o trânsito funciona à base do “tudo ao molhe e fé em deus” os motoqueiros são aqueles que mais riscos correm. Para diminuir esse risco, as motas apresentam uma protecção metálica para as pernas. Não sou motoqueiro, nem percebo muito de motas, mas acho que isto não é comum.





- O sistema eléctrico é claramente insuficiente para servir uma cidade como Déli. Demasiadas pessoas e demasiadas casas a usar electriciade para um sistema que não aguenta. Assim sendo, todos os dias sem excepção a electricidade falha. Hoje em dia há já muitos locais que possuem gerador pelo que só se sente a falta de luz durante dois ou três segundos, mas há sítios, como o meu local de trabalho, que não o possuem. Desta forma, todos os dias temos falhas de energia que duram entre dez minutos a um bom par de horas. Como o nosso trabalho aqui é baseado na internet ou em telefonemas significa que temos sempre umas belas pausas no trabalho (como por exemplo agora, enquanto escrevo este post no word e espero pela electricidade há uma hora e meia...).

Beijos e abraços a todos

E já agora: Feliz dia dos Namorados... a quem tem com quem celebrar... ou seja, aqueles que hoje terão que pagar um jantar caro e ainda oferecer uma prenda às namoradas!! Brincadeirinha...

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Números na Índia

Eis alguns números curiosos que descobri aqui na Índia (uns mais interessantes que outros)

- 1,1 biliões é o número de habitantes e não pára de aumentar (afirmam-no orgulhosamente);

- 250 pessoas morrem diariamente nas estradas indianas;

- 7 a 8 Milhões é o número de novos utilizadores mensais de telemóveis (quase a população do nosso Portugal);

- 15 portugueses moram em Déli (incluindo eu e o Kwame);

- 100 milhões é o número de homossexuais na Índia (podem parar imediatamente com os comentários e piadas infantis);

- 6 é o número de dias por semana que trabalho! (nunca é de mais referi-lo);

- 5 é o número de dias que dura um jogo internacional de cricket (haja paciência);

- 27 é o número de indianos que se encontram na lista dos 100 mais ricos do mundo (quem é probe é muito pobre, mas quem é rico é muito rico);

- 150 é o número de embaixadas em Déli (uma das cidades com maior representação a este nível no mundo);

- 3 milhões era o número de habitantes em Deli há 20 anos (agora são 14 milhões);

- 23 é o número de línguas oficiais na India;

- 65mil foi o número de carros que na sexta-feira passaram na 12ª cabine das portagens da auto-estrada Deli-Gurgaon (cidade aqui perto) entre as 0h00 e as 20h da manhã... (são 18 cabines o que perfaz um total de 1170mil carros. Fazendo as contas por alto, deverão passar cerca de 70mil carros por dia em cada cabine. Sendo que são 18 num dos sentidos, mais 18 no outro, o número de carros que passa diariamente nas portagens é de 2520mil carros. Sabendo que cobram 16 rúpias aos carros, 20 aos jipes e tractores – sim, nas auto-estradas indianas os tractores podem circular – e 49 aos autocarros e camiões, fazendo uma média de 20rupias, significa que por dia as portagens facturam qualquer coisa como 50milhões de rupias – quase 1milhão de euros – repito: por dia!!)

Se encontrar mais números deste género vou avisando

Beijos e abraços

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Diferenças Culturais

Um dos tipos que trabalha comigo disse-me hoje ao almoço que na Índia 70 a 80% dos casamentos são combinados. A seguir perguntou-me se em Portugal se passava o mesmo. Respondi-lhe que sim. E disse-lhe que o meu casamento já estava marcado para quando regressasse. Os meus pais arranjaram-me casamento com a neta do visconde de Idanha-a-Nova. Ainda não conheço a minha futura esposa, mas o que interessa é que a família dela possui dois terrenos com cerca de 4 hectares cada, bem localizados, que passarão a pertencer à minha família.

“Pequenas” diferenças culturais a que vou assistindo todos os dias...

Video das Férias de Natal na Tailândia

Realizado e produzido por Pedro Aguiar (C11 em Xangai)