domingo, 20 de julho de 2008

Fim-de-semana em Varanassi

Descrever este fim-de-semana numa única palavra é muito simples: foi um fim-de-semana autenticamente surreal!

O grupo era formado por 8 pessoas: quatro franceses e quatro portugueses (eu, o Kwame, o Bernanrdo e o Telmo, recem-chegados a Déli integrados na edição seguinte à minha do INOV Contacto)

Tudo começou na quinta-feira com uma saída nocturna que durou até altas horas da madrugada. Como resultado directo dessa noitada perdemos o comboio da 1h da tarde para o qual tinhamos os bilhetes comprados. De nada adiantou sair à pressa de casa sem banho tomado e correr loucamente pela estação sob temperaturas superiores a 35ºC.
Após muito tempo perdido (e com a ajuda de um amigo indiano) lá conseguimos comprar bilhete para o comboio das 6h30. O único problema é que teria que ser na classe Sem Ar-condicionado...
Desta vez lá conseguimos apanhar o comboio e cedo percebemos que ia ser uma viagem longa: 13horas sem ar-condicionado, rodeados de indianos, com janelas abertas e insectos a entrar por tudo quanto era lado... Achamos nós na altura que aquilo eram más condições... mas nada nos fazia prever a viagem de regresso... Adiante.
Por volta das 7h30 da manhã chegamos finalmente ao destino. Já tinhamos uma Guest House referenciada pelo que pousamos as malas e fizemo-nos às ruas de Varanassi com um guia indiano (que ainda estou para perceber de onde apareceu).

Para quem não sabe, Varanssi é conhecida pelo rio que a banha, o Ganges, onde são depositadas as cinzas dos corpos cremados nas suas margens. Contudo há excepções: crianças, grávidas, mortes por veneno de cobra ou por malária são atirados directamente ao rio sem serem cremadas.

E foi precisamente com um destes casos com que fomos presenteados logo ao ínicio. Mal chegamos às margens do rio deparamo-nos com o funeral de uma criança... Era impossível pedir um choque inicial maior. O resto do dia passou-se tranquilamente a visitar as ruas de Varanassi, uma fábrica da seda (obviamente acompanhada de uma visita à loja), templos e pouco mais. Ao fim da tarde, já estoirados fomos para o hotel dormir uma sesta. Não mais saimos do hotel nesse dia terminando a noite com um jogo de poker no hotel que durou até as 4h da manha. Não foi a melhor das ideias porque no dia seguinte tinhamos combinado sair as 5h da manha para um passeio de barco pelo rio.
Com grande esforço e sacrificio lá nos levantamos para o nosso passeio. Mais choques culturais... entre ver pessoas a tomarem banho no rio (para lavarem os seus pecados) e mais funerais tivemos ainda o previlégio de ver dois corpos a boiar no rio...
Findo o passeio voltamos ao hotel para o pequeno-almoço e aproveitar para dormir mais um pouco. O resto do dia foi passado nas ruas de Varanassi com guias improvisados que nos iam chateando a cabeça apesar dos diversos avisos de “não levarão dinheiro nenhum de nós”.
Chegou então a hora de ir embora. Todo o fim-de-semana tinha sido surreal e apenas conseguiamos pensar no comboio de regresso onde tinhamos comprado bilhetes para a classe com ar-condicionado. Pura ilusão... tinhamos comprado bilhetes para a classe com ar-condicionado mas os bilhetes estavam em lista de espera! O caos! E agora o que fazer? Dica que nos deram: ponham-se dentro do comboio e ocupem os lugares vazios! Lugares vazios? Quais lugares vazios? Ainda conseguimos nas primeiras duas horas mas depois todos foram ocupados nas estações seguintes. A única solução que conseguimos encontrar foi passar a restante viagem (entre 10 a 11 horas) naqueles espaços minusculos entres as carruagens...
Dizer que foi um fim-de-semana surreal acho que é dizer pouco... Só na India!

Divirtam-se com as fotos e vídeo.



Estação de comboios de Nova Déli

Bernardo (suado) e indiano

Aspecto da carruagem sem ar-condicionado

Estação de Varanassi

Funeral de uma criança

Corpo da criança atirado ao rio

Bernardo e um indiano

Trabalho infantil numa fábrica de seda

Nas ruas de Varanassi

Mercado de Varanassi

Na India sê indiano

Corpo a boiar no rio Ganges

Indianos a banharem-se nas margens do rio

O grupo (excluindo eu). Da esquerda para a direita: Telmo (C12), Flo (francesa), Kwame (C11), Ben, Alexis e François (franceses) e Bernardo (C12)

A Companhia Indiana de Caminhos-de-Ferro tem o certificado ISO9001... priceless!



Um comentário:

Joao Pedro Santos disse...

isso tá bonito... hehehehe.
grandes aventuras indianas, o cenário desse rio parece ser daqueles que nunca se esquece..
estás quase de férias,certo?
e esse verão já está organizado?
diverte-te,abracao